"I am, I am, I am".
era como pulos entrecortados
entre: cortados entre os lençóis
com manchas azuis e vermelhas.
e as cores davam as mãos
e cirandavam, confundindo
céu com terra e parando de ser cores
para ser algo mais... humano.
e minha garrafa de café
que costuma deixar os líquidos frios demais
hoje decidiu ser alguém mais decente
como eu... que decidi aceitar o café como ele é:
seja frio, seja ruim, seja vendido, seja... café.
entre: você não quer uma xícara de chá?
a gente pode dançar uma dança mórbida
e amarela. não seria um cemitério
mas seria poético e contraditório
mesmo assim.
mesmo assim.
se quiser, a gente pode dançar de outro jeito
meu amor
(isso é uma carta de amor)
meu amor
(isso é uma carta de amor)
eram enfeites adornando a mesa
em alguma ordem que faria algum sentido para mim
se eu não fosse eu.
era como ser deus por seis dias, mas sem
o peso da responsabilidade.
só sendo maior que tudo isso.
mas eu já estou saindo da minha linha...
não era isso que eu pretendia!
(isso é uma carta de amor)
então olhe para todas essas anotações
feitas em algum caderno em 1954
o engraçado é que elas ainda fazem sentido
às onze da manhã de uma quinta-feira engraçada
e sonolenta.
entre: talvez você possa se secar dessa chuva
que veio do passado. talvez eu tenha
aquelas pílulas engraçadas que tem gosto ruim
e talvez eu previna sua gripe.
um cigarro, também, porque aquece
por dentro. e meus versos pulando linhas,
claro, que já são de praxe.
por dentro. e meus versos pulando linhas,
claro, que já são de praxe.
eu tenho também um arco-íris
de formas engraçadas
de formas engraçadas
como aquelas manchas
que quando você olha para a luz, aparecem.
e que alguma professora de ciências há de ter me dito o nome...
mas eu esqueci.
mas eu esqueci.
entre: tem um som velho tocando
pop antigo. e a música se espalha
na mesma sintonia de quem
passa manteiga num pão
quando se está atrasado para o trabalho.
ah, e o que é trabalho? além
de uma coisa inventada para modificar
o ser humano que humaniza
o que não deve ser humanizado!
mas que frágil é essa humanidade,
que é escolhida ao invés da liberdade torta
de ser selvagem.
bom, voltemos às cores, já que você
me faz divagar assim...
me faz divagar assim...
há corvos gordos grasnando
e patos miando.
como se fosse assim que as coisas funcionam.
tudo meio fora de lugar, mas entre:
a gente dá um jeito, vamos dançar
no meio da bagunça.
entre: até o chão e doce como pirulitos
daqueles bem vermelhos mesmo.
e aproveite, que hoje eu acordei
querendo ser Sylvia Plath.
(e isso há de ser uma carta de amor)