rodoviária
escondida atrás de um vidro estilhaçado em
nossa alma, observei-te com um olho
às lágrimas e outro sorrindo.
calculei seus passos antes mesmo
de eles soarem
deixei o medo inexistir
congelada num instante, insurgindo
                                                (quase como uma fênix)

o dia era todo laranja e
em segundos minguou para
tons cinzentos extremos
tão rapidamente que soa
         esdrúxulo
                  (e talvez seja mesmo)
a viagem é longa,
e, as pausas, mais ainda
o vento frio da serra carregará meus beijos,
mas minhas palavras sucumbirão
e no fundo, não há
problema algum nisso.





fiquei, talvez, mais tempo
do que deveria
encarando o lugar onde
meu cheiro preferido misturou-se com
o vento
numa agridoçura que chegava a
                      doer




mas quando, finalmente
levantei os olhos
(um às lagrimas, outro sorrindo)
e segui na direção oposta
uma poesia transitória,
quiçá transcendente,
que eu julgava estar perdida
dançou em frente aos meus olhos
tão brilhante que chegaria a cegar



                                      se não fosse você