Reflexões sobre loucura com gosto de infância
Uma ilustre e bela desconhecida
de  voz sussurrada e açucarada
e cabelos pendurados na vida
Voando com leveza aguçada

Essa bela moça andou até mim
Atravessando devagar a sala
E sorriu. O ato, puro assim
Tinha cheiro, cor e gosto de bala...

Pra ser exata, sabor de morango.
E ah, mas tinha a mais doce das vozes...
Findava e recomeçava, em losango
Como um rio corrente com várias fozes.

“Você é mesmo doida!”, ela disse
apertando sua língua entre os dentes.
E, ah, o nosso futuro, se existisse,
seria repleto de de repentes.

Mas, desconhecida, vazio ou cheio,
seria belo, cheio de luar.
Então se esqueça desse seu receio
e vem, pequena, comigo bailar.

E mesmo que você, talvez, não goste
dessa coisa esquisita que é a dança.
Só, por favor, em meus lábios encoste,
nesse lugar onde o tempo não avança.

E, ah, minha menina da voz pura...
Vê se me guarda, em algum lugar
bom, arejado ou cheio de candura
onde, eu prometo, eu vou ficar.