Como fingir recitar poemas
Eu venho com um dilema
Que talvez não seja nobre:
Mostrar como faz poema
Numa panela de cobre.
O gosto é natural
E mata a maior das fomes!
Pegue uma colher de pau
Pra misturar os pronomes
Lá vêm os ingredientes:
- Um pensamento disposto
- E as palavras solventes
- Rimas e crimes a gosto
Não é preciso mais nada
Se quiser, ponha canela
Ou mesmo uma asa de fada
Para adoçar a panela
Então o modo de preparar:
- Arranje vários “leitores”
Mesmo que um só vá prestar
Atenção em suas dores.
- Uma folha de papel
vazia, só por presença:
vazia, só por presença:
Prova que ‘cê é o réu
Daquela gorda sentença.
- Levante, vá e invente
Os belos versos quaisquer.
Dite pra classe na frente
Cada idéia que vier.
- Salpique pequenas prosas
Quem sabe alguns trocadilhos?
Não se preocupe com glosas:
Prosa é sempre em redondilhos.
Rende só uma porção:
(Poesia é feita assim
Da aflição que é dizer “não”
Querendo mesmo gritar ”sim”).